QUEM É DOIDO?

A pergunta que nos ronda é: o que é mesmo a loucura? Bispo do Rosário foi louco? James Brown foi louco? Nietzsche foi louco? Quando uma loucura é maldita? E quando considerá-la bendita?

Teria a loucura abençoado Niemeyer quando ele vislumbrou curvas em blocos retos de concreto armado? Quando Santos Dumont sonhou cortar os céus com um invento chamado avião ele estava louco?

Quando Galileu especulou que a Terra girava em torno do Sol, e não o contrário, como pensávamos na época, chamaram-no de louco e quase o queimaram por isso. 


Quando Darwin ousou afirmar que éramos frutos de uma evolução da natureza e que os macacos eram sim nossos parentes, chamaram-no de louco. E quando Freud declarou que existia, no nosso aparelho psíquico, uma área desconhecida, poderosa e incontrolável chamada inconsciente, também o chamaram de louco.

Mas se todas essas loucuras se tornaram patrimônios culturais da humanidade, então me digam, antes que eu fique louca, o que mesmo é ser louco?

Em nome de todos esses loucos, bendita seja a loucura, tanto a dos célebres, como a dos milhares de anônimos que desfilam, como cartas de tarô, seus arquétipos pelo mundo. São os loucos sem nome próprio, aqueles que quando passam pelas ruas, mesmo que saibamos seus nomes de "normais", os chamamos apenas pelos nomes de doidos - Alzira Zarú, Zé Panela, Maria Banana, Zé Melado, Zé Baoca, Vai Cega!

prado/ba, 2008